A Wide Labs, uma empresa de tecnologia de Porto Alegre, anunciou o desenvolvimento de um modelo de linguagem natural em português brasileiro, chamado Amazônia IA. Este modelo será apresentado na Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Brasília, onde o Presidente Lula lançará um plano nacional para incentivar o desenvolvimento de inteligência artificial.
Embora a Wide Labs não tenha divulgado detalhes técnicos, como o número de parâmetros do modelo, a empresa afirma que a Amazônia IA é robusta e capaz de entregar resultados precisos. Nelson Leoni, CEO da Wide Labs, destacou que o modelo foi desenvolvido com rigor científico e respeito às normas de segurança e uso de informações.
A Wide Labs contou com a parceria da Nvidia e da Oracle no desenvolvimento do Amazônia IA. Inicialmente, a empresa utilizava modelos pré-treinados de grandes empresas dos EUA, mas sempre teve a ambição de criar um modelo proprietário. A Amazônia IA será operada em dois data centers da Oracle no Brasil, oferecendo um bot conversacional gratuito e serviços premium pagos, com preços em reais.
Leoni, que tem experiência em marketing digital e é ex-oficial do Exército, acredita que o “viés brasileiro” do modelo, aliado a preços competitivos, será um diferencial no mercado. A empresa planeja lançar modelos menores para aplicações específicas, como áreas jurídicas, comunicação e medicina.
A Wide Labs também é conhecida pelo bAIgrapher, um biógrafo de inteligência artificial que ajuda pacientes de Alzheimer a preservar funções cognitivas. Este projeto inovador utiliza depoimentos, vídeos e imagens para criar memórias automatizadas, e já recebeu prêmios internacionais.
Outra empresa brasileira, a Maritaca AI, também desenvolveu um modelo de linguagem natural chamado MariTalk. Fundada por Rodrigo Nogueira e colegas da Unicamp, a startup inicialmente usava modelos pré-treinados, mas agora possui um sistema totalmente proprietário, treinado no Brasil.
Nogueira destaca que a utilidade e precisão do modelo aumentam quando treinado com dados brasileiros, ajudando em tarefas como reclamações ao Procon e preenchimento de declarações de Imposto de Renda. No entanto, ele aponta dois grandes desafios: a falta de profissionais qualificados e a limitação na capacidade de processamento de dados.
Para enfrentar esses desafios, o governo brasileiro planeja construir um supercomputador para apoiar os pesquisadores nacionais. Essa iniciativa faz parte da política de inteligência artificial que será apresentada na conferência em Brasília.
Em resumo, o desenvolvimento de IAs brasileiras está em ascensão, mas enfrenta obstáculos significativos, especialmente na capacidade de computação. A colaboração entre empresas e o apoio governamental serão cruciais para superar esses desafios e promover a inovação no país.